Acabo de chegar de uma delegacia para fazer um exercício de redação jornalística, e só fiz comprovar o que eu eu já sabia há muito: não quero trabalhar com jornalismo policial. E o melhor: chego lá, me apresento como estudante e três minutos depois chega uma ocorrência.
Foi quando pensei, "a felicidade de uns, é a desgraça de outros". Péssima. Primeiro que meu "lado sociológico" já deu sinal de vida, o jovem entrou, algemado, e eu já começo a pensar na falta de oportunidades, de estrutura familiar etc. Segundo que, quando o pai dessa criatura chegou, eu quase choro.
Minha gente, vocês não tem noção do que foi ver esse pai, a pedido do policial, pegando um papel amarelado, rasgado nas bordas, guardado numa pasta que ele trazia embaixo do braço e que era a certidão de nascimento de seu filho.. Que pensamentos rodaram na cabeça desse pai? só nesse gesto, dava pra fazer um curta..
E depois, quando três policiais levaram o acusado por um corredor, eu tive certeza que esse cara foi apanhar porque depois ele gritou chamando o pai, que sem saber de nada, foi entrando pelo corredor quando o Comissário disse: "Não entra sem autorização não viu, sente ali que você vai ver seu filho depois"... Qual foi o momento que ele pensou que algum estranho iria dizer isso à ele?
O contraponto na minha cabeça aumentou ainda mais quando lembrei do lugar onde estou estagiando: os problemas pra gente são se a fonte do texto está errada, se uma foto não está bem tratada, se um texto não está bem construído.. são mundos
absurdamente distintos.
E o derradeiro momento foi quando a imbecil que vos escreve teve a brilhante ideia de fazer algumas perguntas pro pai do acusado, pensando que daria um tom mais pessoal ao meu texto: me apresentei como estudante mais uma vez, disse porque estava ali e perguntei: Qual o grau de escolaridade do seu filho?
E a resposta: "não estou em condições de falar"
Nem eu... E fui embora.